sábado, 9 de maio de 2009

Blogs e Princípio

É tão triste relembrar o passado digital de um indivíduo que perdeu seu login/senha de seu blog, flog, flickr...

Tenho três "entidades" digitais próprias que estão travadas por essa falta de memória, além de algumas contas de e-mail friamente desativadas sem justa causa. Noutro dia me deparei com uma mensagem terrível do Yahoo que me dizia em letras garrafalmente simpáticas: "Sua conta foi desativada!". E num mais terrível ainda design altamente irrigado com apelos de marketing contemporâneo, um ponto-a-ponto explicando o que isso significava: "Isto significa que todos os seus e-mails antigos arquivados foram definitivamente apagados". Não é legal?

Salve Jorge que nosso mundo ainda tem papel. E Salve Rainha que me deparei dia desses com "Viagens na Minha Terra", famosa obra de Almeida Garrett, escritor português que narra suas descobertas individuais a respeito de si e da identidade de seu país. Com epígrafe de Xavier de Maistre, autor francês de "Viagem à Roda de Meu Quarto", o texto de Garrett inevitavelmente traz a contextualização dos atuais blogs e profiles, com confissões e impressões subjetivas escritos de maneira despretensiosa, com opção de texto próxima à fala.

Seguem trechos do primeiro capítulo:




VIAGENS NA MINHA TERRA
Almeida Garrett

(...)
Que viaje à roda do seu quarto quem está à beira dos Alpes, de Inverno, em Turim, que é quase tão frio como S. Petesburgo – entende-se. Mas com este clima, com este ar que Deus nos deu, onde a laranjeira cresce na horta e o mato é de murta, o próprio Xavier de Maistre, que aqui escrevesse, ao menos ia até o quintal.
Eu, muitas vezes, nestas sufocadas noites de Estio, viajo até à minha janela para ver uma nesguita do Tejo que está no fim da rua, e me enganar com uns verdes de árvores que ali vegetam sua laboriosa infância nos entulhos do Cais do Sodré. E nunca escrevi estas minhas viagens nem as suas impressões: pois tinham muito que ver! Foi sempre ambiciosa a minha pena: pobre e soberba, quer assunto mais largo. Pois hei-de dar-lho. Vou nada menos que a Santarém: e protesto que de quanto vir e ouvir, de quanto eu pensar e sentir se há-de fazer crônica.
Era uma ideia vaga: mais desejo que tenção, que eu tinha há muito de ir conhecer as ricas várzeas desse Ribatejo, e saudar em seu alto cume a mais histórica e monumental das nossas vilas. Abalam-me as instâncias de um amigo, decidem-me as tonteiras de um jornal que por mexeriquice quis encabeçar em desígnio político determinado a minha visita. (...)

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Para não esquecer

Você vomitou uma colher de chá.
Sem querer você foi mal.
Logo você que é todo sensibilidade, sensações e cores.
Você reprovou, cuspiu e vomitou a minha colher de chá.

Volte a me procurar quando o brilho todo passar.
Volte a me procurar na sua carência
que você ouvirá um não
que você receberá uma mão aberta e impeditiva
num estrondoso sinal de Pare.

E dificilmente avançará.
Dificilmente seus caminhos brilharão novamente.
Dificilmente minha maldição sincera se desviará
porque o fluxo natural dessas coisas
você mesmo é quem faz ou aceita
ou desfaz ou rejeita.

E você optou pelo nó.

Queria que você voltasse

Esta é a frase mais tola e clichê de todos os tempos.
Mas diga se não é verdade que esta é, em determinadas situações, a frase mais carregada de sentido do universo?

...

Queria que você me visse mais do que me olhasse.
Queria que transparecesse em mim toda a imensidão que sou em meu coração.
Queria que você desse conta.
Queria que você soubesse de metade dessa verdade.

Queria que você lesse.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

O Bom Retorno Pelo Que Se É

Típico da sociedade de consumo ou típico do padrão natural humano?

São muitos o que esperam e pleiteiam por melhores condições, porém são poucos os que se fazem compatíveis aos seus objetivos.

Almejar pressupõe um novo posicionamento de alma.

Não uma repetição canônica do nome da meta.

sábado, 25 de abril de 2009

Como Manter um Blog

Faz um tempo decidi voltar a escrever.

A partir do momento no qual se começa a fazer um curso de Letras em uma grande faculdade, analisando grandes autores e dispendiando de um grande tempo para os estudos lingüísticos, poéticos, textuais e et caetera, passa a haver uma grande lacuna entre o que se estuda e o que se produz de fato. Ou seja... Passa-se do estado de autor para o estado de crítico, o que é uma grande cachorrada, diga-se de passagem.

E eis que fomos todos alertados desse feito. Entre risos degradados dos professores e concordatas dos estudantes, ficou unanimamente decidido: daqui não sai autor.

Anyways... Que mágico é contrariar o fluxo premente das coisas!

sábado, 11 de abril de 2009

O homem côxo


O homem côxo
Apóia-se por sobre as coxas
Em sua realidade moxa

E a brevidade das horas
segue
entrecortando-se
entre lascas e fragmentos de intenção

E assim se faz o caminho
por entre os nós dessas ruas
feitas de sonho e de desespero

março/2009

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Auto-Respeito

Descobri que o auto-respeito, ao invés de arrogante, é convictamente sereno.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Drummond: Passagem da Noite

É noite.
Sinto que é noite
não porque a sombra descesse
(bem me importa a face negra)
mas porque dentro de mim,
no fundo de mim,
o grito
se calou,
fez-se desânimo.

Sinto que nós somos noite,
que palpitamos no escuro
e em noite nos dissolvemos.
Sinto que é noite no vento,
noite nas águas, na pedra.
E que adianta uma lâmpada?
E que adianta uma voz?
É noite no meu amigo.
É noite no submarino.
É noite na roça grande.
É noite, não é morte, é noite
de sono espesso e sem praia.
Não é dor, nem paz, é noite,
é perfeitamente a noite.

Mas salve, olhar de alegria!
E salve, dia que surge!
Os corpos saltam do sono,
o mundo se recompõe.
Que gozo na bicicleta!
Existir: seja como for.
A fraterna entrega do pão.
Amar: mesmo nas canções.
De novo andar: as distâncias,
as cores, posse das ruas.
Tudo que à noite perdemos
se nos confia outra vez.
Obrigado, coisas fiéis!
Saber que ainda há florestas,
sinos, palavras; que a terra
prossegue seu giro, e o tempo
não murchou; não nos diluímos!

Chupar o gosto do dia!
Clara manhã, obrigado,
o essencial é viver!

2009

Este ano será regido pelo sol. Aliás, será uma dupla regência: uma pelo ciclo, que vai de 1981 a 2016 e outra pelo próprio regente do ano.

O sol é aquele que comanda o coração e simboliza a consciência.

Numerologicamente, 2009, 2+0+0+9, dá 11.

Onze é um dos números mais fodásticos da numerologia pitagórica. É um número mestre.

Ou seja... Para quem entrou esse ano em conflito existencial... Se terminar o ano do mesmo jeito, meu filho, é melhor instalar uma banheira de sal grosso com ervas aromáticas no lugar do seu colchão de todas as noites, ler o despacho latino diariamente, comandar uma faxina homérica nas entranhas e apelar para as pirâmides. Porque se depender da influência astral... Reza braba maior não servirá do que a mandinga positiva de 2009.

Fica minha profecia:

Aproveita o trem enquanto ele aporta.
Segura as portas caso ele ameace sair.
Enfia-te pela janela caso ele esteja partindo...

Ou

Tenha mais classe e elegância e espere o próximo comboio.

Há sempre uma segunda chance na vida, meu amor.
Constatações astrais às vezes me desesperam.
Tua força-motriz é o que realmente importa.

A propósito...

O sol também queima.

E dá câncer de pele.

Dinheiro e Arte

Existem alguns conceitos cristalizados na mente comum do homem brasileiro.

Ousaria dizer até que se trata da mente comum do homem latino-americano. Ou ainda do homem deste planeta. Mas não tenho referências confiáveis para esta constatação.

O que interessa é que um caminho, um atalho, uma solução mais inteligente, pode ser visto como um desvio crasso de rota e isso é tão injusto!

Um artista que procura uma fonte de renda fixa para manter-se, embora não abdique do seu objetivo máximo, que é expressar seus talentos e comunicar-se através da arte, pode também trabalhar em uma instituição financeira que o remunera decentemente e que, além de tudo, ocupa apenas trinta horas de sua semana?

Adaptar-se à essa realidade é um desafio. É ir contra a maré. É declarar-se um não-hippie desapegado e um não-capitalista desenfreado.

É o caminho do meio.

Por que temos de ser sempre tão radicais?

sábado, 10 de janeiro de 2009

Da necessidade de se botar culpa e da necessidade de se culpar

Quanto à diferenciação dos termos...

Quanto mais sacrossanta se parece a culpa, mais sacrossanto se parece o imaculado. Quando a culpa é nossa?

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Back to Black


Amy Whinehouse

He left no time to regret
Kept his dick wet
With his same old safe bet
Me and my head high
And my tears dry
Get on without my guy

You went back to what you knew
So far removed from all that we went through
And I tread a troubled track
My odds are stacked
I'll go back to black

We only said good bye with words
I died a hundred times
You go back to her
And I go back to...

I go back to us
I love you much
It's not enough
You love blow and I love puff
And life is like a pipe
And I'm a tiny penny rolling up the walls inside

We only said good bye with words
I died a hundred times
You go back to her
And I go back to
black
black
black...


http://letras.terra.com.br/

Serviço Secreto II

Este blog conterá o texto da desonra irrevelável do escritor e sua vida cotidiana que, embora ele próprio faça por negar, é de tamanha mesquinhez como a vida de qualquer outro reles mortal.

Serviço Secreto

Este blog irá conter linhas mal-traçadas sobre uma realidade cafona e com erros de ortografia e sem pedir licença poética.

Despacho Secreto

Este blog é um espaço secreto com um texto secreto de um escritor secreto cuja identidade jamais será revelada.

Se bem que o título acabou ficando tão interessante que talvez isso ele próprio reconsidere.